sexta-feira, julho 29, 2005
Porque sou Atéu
Na maior parte das vezes, herdamos nossas opiniões. Somos os herdeiros de hábitos e costumes mentais. Nossas crenças, assim como a moda de nossas vestimentas, dependem de onde nascemos. Somos moldados e modelados por nosso ambiente.
Se tivéssemos nascido em Constantinopla, a maioria de nós diria: "Não existe outro Deus senão Alá, e Maomé é seu profeta". Se nossos pais tivessem vivido às margens do Ganges, teríamos sido adoradores de Siva, desejando o céu do Nirvana.
Como regra geral, as crianças amam seus pais, acreditam naquilo que eles ensinam e orgulham-se de dizer que a religião de sua mãe é boa o suficiente para eles.
A maioria das pessoas ama a paz. Eles não gostam de ser diferentes de seus vizinhos. Eles gostam de companhia. Eles são sociais. Eles gostam de viajar na estrada com a multidão. Eles odeiam viajar sozinhos.
Os escoceses são calvinistas porque seus pais foram. Os irlandeses são católicos porque seus pais foram. Os ingleses são episcopalistas porque seus pais foram e os americanos estão divididos em uma centena de seitas porque seus pais foram. Esta é a regra geral, à qual existem muitas exceções. As crianças, algumas vezes, são superiores a seus pais, modificam suas idéias, alteram seus costumes e chegam a conclusões diferentes. Mas isto geralmente é tão gradual que a partida quase não é notada e aqueles que mudam, geralmente insistem em que ainda estão seguindo os pais.
Os historiadores cristãos alegam que a religião de uma nação foi mudada abruptamente, algumas vezes, e que milhões de pagãos foram convertidos ao Cristianismo pelo comando de um rei. Os filósofos não estão de acordo com estes historiadores. Os nomes mudaram, altares foram destruídos, mas as opiniões, os costumes e crenças permanecem os mesmos. Um pagão, sob a espada de um cristão, provavelmente mudaria suas visões religiosas, e um cristão, com uma foice acima de sua cabeça, subitamente poderia tornar-se muçulmano, mas efetivamente, ambos permaneceriam exatamente como eram antes — exceto ao falar.
Como a maioria de vocês foram criados entre as pessoas que “conheciam” — que estavam “certas”. Eles não argumentam ou investigam. Eles não tem dúvidas. Eles sabem que tinham a verdade. Em suas crenças, não ha lugar para a adivinhação. Eles tem a revelação de Deus. Eles conhecem o princípio das coisas. Eles sabem que Deus começou a criar em uma manhã de segunda-feira, há quatro mil e quatro anos antes de Cristo. Eles sabem que na eternidade — naquela distante manhã, ele não havia feito nada. Eles sabem que levou seis dias para criar a terra — todas as plantas, todos os animais, toda a vida e todos os globos que giram no espaço. Eles sabem exatamente o que Ele fez a cada dia e quando descansou. Eles sabem a origem, a causa do mal, de todo crime, de toda doença e da morte.
Eles somente não conhecem o começo, mas conhecem o fim. Eles sabem que a vida tem um caminho e uma via. Eles sabem que o caminho é estreito, cheio de espinhos e urtigas, infestado de víboras, lágrimas, manchado por pés ensangüentados levava ao céu, e que a estrada cheia de frutas de flores, cheia de risos e canções, e toda a felicidade do amor humano levava direto ao inferno. Eles sabem que Deus esta fazendo o melhor para que você escolhesse o caminho e que o Diabo usa de toda artimanha para manter você na sua estrada.
Eles sabem que ha uma luta perpétua entre os grandes Poderes do bem e do mal pela posse das almas humanas. Eles sabem que há muitos séculos, Deus tinha deixado seu trono e que um bebê havia nascido neste pobre mundo — e que ele tinha sofrido a morte em nome do homem — para salvar uns poucos. Eles também sabem que o coração humano é em essência depravado, de modo que por natureza, o homem esta apaixonado pelo erro e mesmo assim ama Deus com todas as suas forças.
Ao mesmo tempo, eles sabem que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança e que esta perfeitamente satisfeito com seu trabalho. Eles também sabem que ele tem sido iludido pelo Demônio, que por meio de sordidez e mentiras, tem enganado o primeiro da raça humana. Eles sabem que em conseqüência disto, Deus amaldiçoou o homem e a mulher; o homem com o trabalho exaustivo e a mulher com a escravidão e a dor, e ambos com a morte; e que ele amaldiçoou a própria terra com rosas e espinhos. Todas essas coisas abençoadas eles sabem. Eles também sabem tudo o que Deus havia feito para purificar e elevar a raça. Eles sabem tudo sobre o Dilúvio — sabem que Deus, com exceção de oito, afogou todas as suas crianças — as maiores e as menores — o patriarca encurvado e o bebê sardento — o jovem rapaz e a feliz noiva — a mãe amorosa e a criança risonha — porque sua misericórdia dura para sempre. Eles também sabem que ele afogou os animais e os pássaros — tudo o que caminhava, se arrastava ou voava — porque sua gentileza amorosa permeia toda a sua obra. Eles sabem que Deus, com a finalidade de civilizar seus filhos, devora alguns com terremotos, destrói alguns com tempestades de fogo, mata alguns com seus raios, milhões de fome, peste e sacrificou milhares nos campos de guerra. Eles sabem que é preciso acreditar nestas coisas e amar a Deus. Eles sabem que não pode haver salvação senão pela fé, e através do sangue reconciliador de Jesus Cristo.
Deus não premia os homens por serem honestos, generosos e corajosos, mas pelos atos de fé. Sem a fé, todas as chamadas virtudes eram pecados, e o homem que pratica estas virtudes, sem a fé, merece o sofrimento eterno.
Todas estas coisas razoáveis e confortadoras são ensinadas pelos pastores em suas igrjas — por professores em escolhas dominicais e pelos pais em suas casas. As crianças são vítimas.
Os sermões são em sua maior parte sobre as dores e agonias do inferno, as alegrias e êxtases do céu, salvação pela fé, e a eficácia do arrependimento. As pequenas igrejas, onde o serviço era realizado, geralmente erão pequenas, mal ventiladas e excessivamente quentes. Os sermões emocionais, os cantos tristes, os améns histéricos, a esperança do céu, o medo do inferno faz com que muitos percam o pouco senso que tem. Eles tornavam-se substancialmente insanos. Nesta condição eles reúnem-se no "banco dos pecadores" — tinham sensações estranhas, rezavam, choravam e achavam que tem "renascido" (isso ainda ocorre hoje, e muito). Em seguida, eles contavam e ainda contam suas experiências — como tinham sido pecaminosos — quão maldosos tinham sido seus pensamentos, seus desejos e quão bons eles repentinamente tem-se tornado.
Naturalmente, todas as pessoas não pensam exatamente igual. Sempre houve alguns zombadores e de vez em quando alguns homens tinham senso suficiente para rir das ameaças dos pastores e zombar do inferno. Contava-se sobre descrentes que tinham vivido e morrido em paz.
Li uma história sobre um velho fazendeiro nos estados unidos. Ele estava morrendo. O pastor estava ao seu lado — perguntou-lhe se ele era Cristão — se estava preparado para morrer. O velho respondeu que não havia feito qualquer preparação, que ele não era cristão — que ele nada havia feito senão trabalhar. O pregador disse que ele não poderia dar-lhe qualquer esperança, a menos que ele tivesse fé em Cristo, e se ele não tivesse fé, sua alma certamente estaria perdida.
O velho não se assustou. Ele estava perfeitamente calmo. Com uma voz fraca e alquebrada, disse: "Sr. Pastor, suponho que você notou minha fazenda. Minha esposa e eu viemos aqui há cinqüenta anos. Acabávamos de nos casar. Isto era uma floresta naquele tempo e a terra estava coberta de pedras. Eu cortei as árvores, queimei os troncos, recolhi as pedras e ergui as parede. Minha esposa teceu e trabalhou sem parar. Criamos e educamos nossos filhos — negando a nós mesmos. Durante todos estes anos, minha esposa jamais teve um bom vestido, um chapéu decente. Eu nunca tive uma roupa boa. Vivemos com a comida mais simples. Nossas mãos, nossos corpos estão deformados pelo trabalho duro. Nunca tivemos um dia feriado. Amamo-nos e aos nossos filhos. Este foi o único luxo que tivemos. Agora que estou para morrer, você vem perguntar-me se estou preparado, Sr. Pastor, não tenho medo do futuro, nenhum terror de qualquer outro mundo. Pode ser que exista um lugar como o inferno — mas se existir, você não poderá fazer-me acreditar que é pior que a velha Vermont."
Assim, contava-se sobre um homem que se comparava a seu cachorro. "Meu cachorro", dizia, "só late e brinca — tem tudo o que quer para comer. Ele nunca trabalho — não tem preocupações com negócios. Logo ele morre e é tudo. Eu trabalho com todas as minhas forças. Não tenho tempo para diversão. Tenho problemas todos os dias. Logo eu morrerei e então, irei para o inferno. Eu gostaria de ter sido um cachorro".
Os que pregavam nestas revitalizações eram honestos. Eles eram zelosos e sinceros. Eles não eram filósofos. Para eles ciência é o nome de uma ameaça vaga — um perigoso inimigo. Eles não sabiam muito mas acreditavam um bocado. Para eles o inferno era uma realidade incandescente — eles podiam ver a fumaça e as chamas. O Demônio não era um mito. Ele era uma pessoa de verdade, um rival de Deus, um inimigo da humanidade. Eles pensavam que o negócio importante desta vida era salvar a alma — que todos deveriam resistir e desprezar os prazeres da carne, e manter os olhos fixos nos portões dourados do céu. Eles eram desequilibrados, emocionais, histéricos, preconceituosos, odientos, amorosos e insanos. Eles realmente acreditavam que a Bíblia fosse a palavra real de Deus — um livro sem erros ou contradições. Eles chamavam suas crueldades, justiça — seus absurdos, mistérios — seus milagres, fatos e as passagens idiotas eram encaradas como profundamente espirituais. Eles trabalhavam com as dores, os arrependimentos, as infinitas agonias dos perdidos e mostravam quão facilmente eles poderiam ter evitado, e quão facilmente poderiam ter obtido o céu. Eles diziam a seus ouvintes que acreditassem, tivessem fé, dessem seus corações a Deus, seus pecados a Cristo que carregaria seus pecados e tornaria suas almas tão brancas como a neve.
Todos estes ministros realmente acreditavam. Eles tinham absoluta certeza. Em suas mentes, o demônio tinha tentado em vão semear as sementes da dúvida.
Se ouve centenas destes sermões evangélicos — se ouve centenas das mais medonhas e vívidas descrições das torturas infligidas no inferno, do horrível estado dos perdidos. Eu supunha que o que eu ouvia era verdade e, mesmo assim eu não acreditava naquilo. Eu dizia: "É," e logo pensava "Não pode ser."
Estes sermões me deixaram apenas fracas impressões na mente. Não estava convencido.
Desde a infância, alguns ouvem leituras e lêem a Bíblia. De manhã e à noite o volume sagrado é aberto e as preces feitas. A Bíblia é a primeira história, os Judeus o primeiro povo e os eventos narrados por Moisés e outros escritores inspirados e aqueles preditos pelos profetas são as coisas mais importantes. Em outros livros encontram-se os pensamentos e sonhos de homens, mas na Bíblia estão as sagradas verdades de Deus.
Ainda assim, apesar do ambiente, da educação, não se tem amor por Deus, mas sim medo, temor. Ele é tão econômico em misericórdia, tão extravagante ao assassinar, tão ansioso para matar, tão pronto a assassinar que o ódio entra no fundo do coração. A seu comando, bebês são degolados, mulheres estrupadas e o cabelo branco da idade trêmula manchado de sangue. Este Deus visita as pessoas com peste — enche as casas e cobre as ruas com os moribundos e os mortos — vê bebês morrendo de fome nos seios murchos de mães pálidas, ouve os soluços, vê as lágrimas, as faces chupadas, as sepulturas recém cavadas e permanecem tão impiedosos como a peste.
Este Deus retém a chuva — causando fome, vê os olhos raivosos da fome.
Parece impossível para o homem civilizado amar ou adorar ou respeitar o Deus do Antigo Testamento. Um homem realmente civilizado, uma mulher realmente civilizada, deve ter por um Deus deste tipo o desprezo e repúdio.
Mas, naqueles tempos remotos como hoje em dia, as pessoas boas justificam Jeová em seu tratamento aos hereges. Os inúteis que eram e são mortos eram idólatras e, portanto, não devem viver.
De acordo com a Bíblia, Deus nunca se revelou a estas pessoas e ele sabe que sem uma revelação eles não podem saber que ele é o Deus verdadeiro. De quem é, portanto, a culpa de que eles fossem hereges?
Os cristãos diziam e dizem que Deus tem o direito de destruí-los porque eles os haviam criado. Então para que ele os criou? Ele sabia, quando os fez, que eles seriam comida para a espada. Ele sabia que ele teria o prazer de vê-los assassinados.
Na realidade, o Novo Testamento é infinitamente pior que o Antigo. No Antigo não existe ameaça de sofrimento eterno. Jeová não tinha prisão eterna — não tinha fogo eterno. Seu ódio terminava na sepultura. Sua vingança era satisfeita quando seu inimigo estava morto.
No Novo Testamento, a morte não é o fim, mas o início da punição que não tem fim. No Novo Testamento, a maldade de Deus é infinita e a sua fome de vingança eterna.
O Deus ortodoxo, quando vestido em carne humana, disse a seus discípulos que não resistissem ao mal, que amassem seus inimigos, e quando lhes batessem na face que dessem a outra, e ainda assim nos dizem que este mesmo Deus, com os mesmos lábios amorosos, pronunciou estas palavras duras e diabólicas; "Partir malditos, para o fogo eterno, preparado para o demônio e seus anjos."
Estas são as palavras de "amor eterno".
Nenhum ser humano tem imaginação suficiente para conceber este horror infinito.
Toda a raça humana sofreu em guerras e pobreza, em pestes e fome, fogos e inundações — todas as dores de todas as doenças e todas as mortes — tudo isso não é nada se comparado às agonias a serem suportadas por uma alma danada.
Este é o consolo da religião cristã. Esta é a justiça de Deus - a misericórdia de Cristo.
É aterrorizante, é mentira infinita, vão me tornar inimigo implacável do Cristianismo. A verdade é que esta crença no sofrimento eterno tem sido o perseguidor real. Ela fundou a Inquisição, forjou as cadeias e forneceu os ferros em brasa. Ela mergulhou em escuridão as vidas de muitos milhões. Ele tornou o berço tão terrível quanto o caixão funerário. Ela escravizou nações e derramou o sangue de milhares. Ela sacrificou os mais sábios, os mais corajosos e os melhores. Ele mudou, virou a idéia de justiça, arrancou do coração a misericórdia, transformou homens em inimigos e baniu a razão do cérebro.
Nada me dá maior alegria que saber que esta crença está se enfraquecendo a cada dia — que milhares de pessoas estão envergonhados dela. Me dá alegria saber que os cristãos estão se tornando misericordiosos, tão misericordiosos que o fogo do inferno está em fogo baixo, abafado pelas cinzas, destinado a extinguir-se para sempre dentro de poucos tempos agora.
Por séculos, o Cristianismo foi um hospício. Papas, cardeais, bispos, padres, monges e hereges, eram todos insanos.
Apenas alguns, em um século foram de coração e cérebro. Apenas uns poucos, apesar do ruído e estrondo, apesar dos gritos selvagens, ouviram a voz da razão. Apenas alguns, na orgia selvagem da ignorância, medo e zelo preservaram a perfeita calma proporcionada pela sabedoria. Graças a essas pessoas hoje a terra não é mas plana nem nosso planeta o centro do Universo. Quantos morreram queimados, assassinados, jogados aos leões por conhecer, por saber da verdade e ousar contradizer o papa e seus seguidores. Hoje nós rimos disso “como erram ignorantes, a terra o centro do Universo!?” rimos como a mil anos se ria de quem pensava mil anos atrás que a terra era plana, e daqui a 1000 anos vamos rir de que? Essa farsa vai acabar cedo o tarde.
Eles vão saber que sua crença no inferno, dá ao Espírito Santo - a Pomba - o bico do abutre, e enche a boca das ovelhas de Deus com as presas de uma víbora.
Se admitíssemos que Deus faz alguma coisa contrária às leis da natureza, seríamos também obrigados a admitir que Deus age em contradição com a sua própria natureza, o que seria um absurdo não?!
Assim, quando se lê Henry e Mac Knight se descobre que Deus ama tanto o mundo que ele mudou de idéia para danar uma grande maioria da raça humana. Lembro-me de que ele explicou o milagre da alimentação dos Judeus errantes com codornizes, dizendo que mesmo atualmente um número imenso de codornizes cruzam o Mar Vermelho, e que algumas vezes, quando cansadas, eles pousam e é muito fácil captura-las e assim se alimentar - e que quando Deus cria um ser humano, e ao mesmo determina e decreta exatamente o que aquele ser fará e será, o ser humano é responsável de Deus, em sua justiça e misericórdia tem o direito de torturar a alma daquele ser humano para sempre só porque ele fez o que Deus designou ele fazer.
Falando do Mar Vermelho, Moisés nunca abriu mar nenhum, isso é elenco para filmes hollywoodianos, a palavra do hebraico: yam sûf “mar dos Juncos” foi mal traduzida, não é vermelho e sim junco. O texto primitivo dava apenas uma indicação geral: os israelitas tomaram o caminho do deserto para o leste ou o sudeste e na região da passagem pelo “Mar Vermelho”, existe ainda hoje uma rota comercial, demonstrando que não se necessitava de nenhum milagre para passar pelo local. Keller, num mapa colocado em seu livro E a Bíblia tinha razão..., informa que essa área é denominada de “mar dos Juncos”.
Moises atravessou um mar de juncos no relatado êxodo, tanto é verdade que a igreja mudou isso nos textos da nova bíblia em 1996, mas se guardou bem de divulgar esse fato, com o medo da repercussão, do que poderia acontecer. Mentiras.
Devo (ao ler muitos dos escritores já citados aqui), mesmo à custa de muita indignação por parte de algumas pessoas, apontar os equívocos de interpretação, as interpolações, bem como as deliberadas adulterações, para mostrar a verdade limpa e pura, que muito mais agrada que uma mentira evidenciada pelos fatos.
Temos uma enorme quantidade de literatura teológica. Ha Jenkin sobre a Reconciliação, que demonstra a sabedoria de Deus criando uma maneira pela qual o sofrimento de inocentes poderia justificar a culpa. Ele tenta demonstrar que as crianças poderiam ser justamente punidas pelos pecados de seus ancestrais, e que os homens podem, se terem fé, ser justamente creditados com as virtudes de outros. Nada poderia ser mais devoto, ortodoxo e idiota. Mas, nem toda a nossa teologia é em prosa. Temos Milton com sua milícia celestial com seu grande e descuidado Deus, seu orgulhoso e astuto Demônio — suas guerras entre imortais, e todos os sublimes absurdos que a religião grava no cérebro do homem cego.
Comparou se o que era realmente conhecido sobre as estrelas com a narração da criação conforme o Gênesis. Descobriu se que o escritor do livro inspirado não tinha qualquer conhecimento de astronomia — que ele era tão ignorante quanto um chefe Choctaw — quanto um Esquimó que dirigia cachorros. Pode alguém imaginar que o autor do Gênesis nada sabia sobre o sol — seu tamanho? Que ele conhecia Sirius, a Estrela Polar, com Capella, ou que ele sabia alguma coisa sobre os grupos de estrelas tão distantes que sua luz, agora visitando nossos olhos, tinha viajado por dois milhões de anos? Mas a terra não tem lá seus 6.000 anos segundo a bíblia ? Mais mentiras.
Se ele tivesse conhecimento destes fatos, teria ele dito que Jeová trabalhou quase seis dias para criar este mundo, e somente parte da tarde do quarto dia para criar o sol, a lua e todas as estrelas?
Ainda assim, milhões de pessoas insistem em que o autor do Gênesis foi inspirado pelo Criador de todos os mundos.
Eu admito que este escritor desconhecido foi sincero, que ele escreveu o que acreditava ser verdade — que ele fez o melhor que pode. Ele não alegou ser inspirado — não fingiu que a história havia sido contada a ele por Jeová. Ele simplesmente declarou os "fatos" como ele os compreendeu.
E aqui, permitam-me dizer que os católicos que estão respondendo a mim estão voltando suas armas na direção errada. Estes reverendos senhores devem atacar os astrônomos. Eles devem amaldiçoar e desprezar Kepler, Copérnico, Newton, Herschel, Darwin, Cristóvão Colombo (e sua terra redonda...) e Laplace. Estes homens foram os verdadeiros destruidores da História sagrada. Então, após terem-se livrado deles, eles podem declarar guerra às estrelas e contra o próprio Jeová por ter fornecido provas contra a verdade de seu livro.
Estudando geologia — não muito, só um pouco — apenas o suficiente para entender de maneira geral os principais fatos que haviam sido descobertos, e algumas das conclusões a que se havia chegado. Aprende se alguma coisa da ação do fogo — da água — da formação de ilhas e continentes — das rochas sedimentares e ardentes — das medidas de carvão — das falésias calcárias, alguma coisa sobre recifes de coral — sobre os depósitos feitos por rios, o efeito de vulcões, de geleiras e de todo o mar ao redor — apenas o suficiente para saber que as rochas Laurencianas eram milhões de anos mais antigas que a grama sob nossos pés — apenas o suficiente para sentir-se seguro de que este mundo tem prosseguido em seu vôo ao redor do sol, girando em luz e sombra, por centenas de milhões de anos — apenas o suficiente para saber que o escritor "inspirado" nada sabia da história da terra — nada sobre as grandes forças da natureza — do vento e do fogo — forças que destruíram e construíram, arrebentaram e lavrou por estes incontáveis anos.
E permitam-me dizer mais uma vez aos ministros católicos que eles não devem perder seu tempo respondendo a mim. Eles devem atacar os geólogos. Eles deveriam negar os fatos que foram descobertos. Eles deveriam lançar suas maldições contra os mares blasfemos, e investir suas cabeças contra as rochas infiéis.
Então, estudando biologia — não muito — só o suficiente para saber algo sobre formas animais, suficiente para saber que a vida existia quando as rochas Laurencianas foram formadas — apenas o suficiente para saber que ferramentas de pedra, ferramentas criadas por mãos humanas, foram encontradas misturadas aos ossos de animais extintos, ossos que haviam sido quebrados com aquelas ferramentas, e que aqueles animais haviam deixado de existir centenas de milhares de anos antes da criação de Adão e Eva.
Então se tem certeza de que o registro "inspirado" era falso — que muitos milhões de pessoas temm sido enganadas e que tudo o que se é ensinado sobre a origem dos mundos e do homem é completamente falso, que o Velho Testamento foi a obra de homens ignorantes — que ele é a uma mistura de verdade e erro, de sabedoria e bobagens, de crueldade e gentileza, de filosofia e de absurdo — que ele contem alguns pensamentos elevados, alguma poesia — uma grande quantidade de solenidade e lugares comuns — alguns histéricos, outros ternos, algumas preces malditas, algumas previsões insanas, algumas mentiras e alguns sonhos caóticos.
É claro que os teólogos combatem os fatos descobertos pelos geólogos, os cientistas e procuram sustentar as Escrituras sagradas. Eles confundiram ossos de mastodonte com ossos de seres humanos e, através deles provaram que "existiam gigantes naqueles dias". Eles interpretaram os fósseis dizendo que Deus os havia feito para experimentar nossa fé, ou que o Demônio tinha imitado os trabalhos do Criador.
Eles responderam aos geólogos dizendo que os "dias" no Gênesis eram longos períodos de tempo e que afinal o dilúvio pode ter sido local. Eles disseram aos astrônomos que o sol e a lua não foram efetivamente, mas apenas aparentemente, parados. E que a aparência foi produzida pela reflexão e refração da luz.
Eles desculparam a escravidão e a poligamia, os roubos e assassinatos ocorridos no Velho Testamento dizendo que as pessoas estavam tão degradadas que Jeová foi obrigado a ceder à sua ignorância e preconceito.
De toda forma o clero procurou fugir dos fatos, escamotear a verdade para preservar a crença.
Primeiro, eles simplesmente negaram os fatos — então eles os banalizaram — em seguida eles os harmonizaram — então eles negaram que os tivessem negado. Em seguida, eles trocaram o significado do livro "inspirado" para ajustar-se aos fatos. Primeiro, eles disseram que se os fatos, conforme alegado, fossem verdadeiros, a Bíblia era falso e o próprio Cristianismo era superstição. Depois eles disseram que os fatos, conforme alegados, eram verdadeiros e que eles estabeleciam sem a menor dúvida a inspiração da Bíblia e a origem divina da religião ortodoxa.
Tudo o que eles não puderam evitar eles engoliram, e tudo o que eles não puderam engolir eles evitaram.
Isto em si é o bastante. Sabemos, se sabemos alguma coisa, que os demônios não existem — que Cristo nunca os expulsou, e se ele fingiu que fazia isto, ele era ignorante, desonesto ou louco.
Alguns se levantaram acima de todas as superstições de sua época. Ao mesmo tempo em que odiavam Jeová, louvavam o Deus da Natureza, o criador e preservador de tudo. Nisto eu acho que eles estavam errados, pois como disse Watson em seu Resposta a Paine, o Deus da Natureza é tão sem coração e tão cruel quanto o Deus da Bíblia.
Ao fincar nossa atenção para outras religiões, aos livros sagrados, os credos e cerimônias de outras terras — da Índia, Egito, Assíria, Pérsia e das nações mortas ou moribundas. Se Conclui que todas as religiões tinham a mesma base — a crença no sobrenatural — um poder acima da natureza que o homem podia influenciar através da adoração — por meio de sacrifícios e de preces.
Conclui-se que todas as religiões tinham substancialmente a mesma origem e que, na realidade, nunca houve a não ser uma religião no mundo. Os brotos e as folhas podem diferir, mas o tronco é o mesmo.
O pobre Africano que derrama seu coração para uma deidade de pedra está em um nível religioso exatamente igual aos padres de batina que suplicam a Deus. O mesmo erro, a mesma superstição dobra os joelhos e fecha os olhos de ambos. Ambos pedem auxílio ao sobrenatural, e nenhum deles tem o menor pensamento sobre a absoluta uniformidade da natureza.
Parece provável que a primeira cerimônia religiosa organizada foi a adoração do sol. O sol era o "Pai Céu", o "Todo Vidente", a fonte da vida — a lareira do mundo. O sol era visto com um deus que combatia a escuridão, o poder do mal, o inimigo do homem.
Existiram muitos deuses-sol, e eles parecem ter sido as principais deidades nas religiões antigas, principalmente os Astecas e Maias. Eles foram adorados em muitas terras, por muitas nações que passaram pela morte e o pó.
Apolo era um deus-sol e ele combateu e conquistou a serpente da noite. Baldur era um deus-sol. Ele estava apaixonado pela Aurora — a virgem. Chrishna era um deus-sol, em seu nascimento, o Ganges foi estremecido de sua fonte até o mar, e todas as árvores, os mortos e os vivos, floresceram. Hércules era um deus-sol e também o foi Sansão, cuja força estava nos cabelos — isto é em seus raios. Dalila, a sombra — a escuridão — arrancou-lhe as forças. Osiris, Baco e Mitra, Hermes, Buda e Quetzalcoatl, Prometeu, Zoroastro e Perseu, Cadom, Lao-Tze, Fo-hi, Horus e Ramsés, todos eles foram deuses-sol.
Todos estes deuses tinham deuses como pais e virgens como mães. O nascimento de quase todos eles foi anunciado por estrelas, celebrados por música celestial e vozes declararam que as bênçãos tinham chegado a este pobre mundo. Todos estes deuses nasceram em lugares humildes — em cavernas, sob árvores, em estalagens comuns e tiranos tentaram matá-los quando eram bebês. Todos estes deuses-sol nasceram no solstício de inverno — no Natal, sendo que Jesus nasceu comprovadamente em 18 de abril. Quase todos eles eram adorados por "homens sábios". Todos eles jejuaram por quarenta dias — todos eles ensinavam usando parábolas — todos eles realizaram milagres — todos sofreram morte violenta e todos eles ressuscitaram.
Não estou inventando absolutamente nada, é só ler a história desses povos em qualquer biblioteca. A história destes deuses é exatamente igual à história do nosso Cristo.
Isto não é uma coincidência — um acidente. Cristo era um deus-sol. Cristo era um novo nome para uma velha biografia — uma sobrevivência — o último dos deuses-sol. Cristo não era um homem, mas um mito — não uma vida, mas uma lenda.
Descobre-se que não somente tínhamos tomado emprestado nosso Cristo — mas que todos os nossos sacramentos, símbolos e cerimônias eram herança que recebemos do passado enterrado.
Não existe coisa alguma original no Cristianismo.
A cruz era um símbolo a milhares de anos antes de nossa era. Era um símbolo de vida, de imortalidade — do deus Agni e foi esculpida em tumbas muitas eras antes que uma linha de nossa Bíblia tivesse sido escrita.
O batismo é muito mais antigo que o Cristianismo e que o Judaísmo. Os Hindus, Egípcios, Gregos e Romanos tinham água benta muito antes de um católico ter vivido. A eucaristia foi emprestada dos Pagãos. Ceres era a deusa dos campos — Baco era do vinho. No festival da colheita eles faziam bolos de trigo e diziam: "Esta é a carne da deusa". Eles bebiam vinho e gritavam: "Este é o sangue de nosso deus."
Os Egípcios tinham uma Trindade. Eles adoravam Osiris, Isis e Horus, milhares de anos antes que o Pai, Filho e Espírito Santo fossem conhecidos.
A Árvore da Vida cresceu na Índia, na China e entre os Aztecas, muito antes que o Jardim do Éden tivesse sido plantado.
Muito antes que nossa Bíblia fosse conhecida, outras nações tinham seus livros sagrados.
Os dogmas da Queda do Homem, do Arrependimento e Salvação pela Fé, são muito mais antigos que nossa religião.
Em nosso evangelho abençoado — em nosso "esquema divino" — não existe nada de novo — nada original. Tudo velho — tudo emprestado, recortado e remendado.
Então se conclui que todas as religiões tem sido naturalmente produzidas e que todas são variações, modificações de uma só.
Darwin, com sua Origem das Espécies, sua teoria sobre a Seleção Natural, a Sobrevivência do Mais Apto e a influência do ambiente, lançou uma inundação de luz sobre os grandes problemas da vida animal e vegetal.
Estas coisas tinham sido adivinhadas, profetizadas, afirmadas, indicadas por muitos outros, mas Darwin, com paciência infinita, com um cuidado perfeitos, encontrou os fatos, cumpriu as profecias e demonstrou a verdade das adivinhações, indicações e afirmativas. Ele era, a meu ver, o mais preciso observador, o melhor juiz do significado e valor de um fato, o maior Naturalista que o mundo jamais produziu. Mesmo diante dos fatos irrefutáveis a igreja mandou Darwin se retratar, senão, uma morte certa o esperaria.
A visão teológica começou a parecer pequena e ruim.
Huxley juntou-se aos que apoiavam Darwin. Nenhum homem jamais teve uma espada mais afiada — um escudo melhor. Ele desafiou o mundo. Os grandes teólogos e os pequenos cientistas — aqueles que tinham mais coragem que bom senso, aceitaram o desafio. Seus pobres corpos foram levados por seus amigos.
Huxley tinha inteligência, habilidade, gênio e a coragem de expressar seu pensamento. Ele era absolutamente leal àquilo que ele considerava verdade. Sem preconceito e sem medo, ele acompanhou os passos da vida, das formas mais baixas até as mais altas.
A teologia parecia menor ainda.
Haeckel começou com a célula mais simples, foi de mudança em mudança — de forma em forma — seguiu a linha do desenvolvimento, o caminho da vida, até que chegou à raça humana. Era tudo natural. Não havia interferência externa.
Ao ler os trabalhos destes grandes homens — de muitos outros — qualquer um se convence de que eles estavam certos, e de que todos os teólogos — todos os que acreditavam na "Criação especial" estavam absolutamente errados.
O Jardim do Éden se apagou, Adão e Eva voltaram ao pó, a serpente rastejou de volta à grama e Jeová tornou-se um mito miserável.
O que pode ser mais assustador que um mundo em guerra? Assassinatos universal. Em todo lugar a dor, doença e morte — morte que não espera por formas encurvadas e cabelos grisalhos, mas ataca bebês e jovens felizes. Morte que tira a mãe de sua criança sardenta, indefesa — morte que enche o mundo com dor e lágrimas.
Como pode um cristão ortodoxo explicar estas coisas?
Eu sei que a vida é boa. Lembro-me da luz do sol e da chuva. Em seguida, penso em terremotos e inundações, Não esqueço a saúde e a colheita, lar e amor, mas e a peste e a fome? Não consigo harmonizar todas estas contradições — estas bênçãos e agonias — com a existência de um Deus poderoso, sábio e infinitamente bom.
O teólogo diz que o que chamamos mal é para nosso bem — que somos colocados neste mundo de pecado e dor para desenvolver o caráter. Se isso for verdade, eu pergunto porque o bebê morre? Milhões e milhões respiram umas poucas vezes e falecem nos braços de suas mães. A eles não é permitido desenvolver caráter.
O teólogo diz que as serpentes receberam presas para se protegerem contra seus inimigos. Porque Deus que as fez, faz inimigos? Porque muitas espécies de serpentes não têm presas?
O teólogo diz que Deus deu armadura ao hipopótamo, cobriu seu corpo, exceto na parte inferior com placas e escamas, para que outros animais não pudessem cortar com os dentes ou presa. Mas o mesmo Deus criou os rinocerontes e lhes deu um chifre sobre o nariz, com o qual ele destripa o hipopótamo.
O mesmo Deus fez a águia, o abutre, o falcão e suas presas indefesas.
Em cada mão parece haver um desígnio para derrotar desígnio.
Se Deus criou o homem — se ele é o pai de todos nós, porque ele fez os criminosos, os loucos, os deformados e os idiotas?
O homem inferior deve agradecer a Deus? O escravo deve agradecer a Deus? A mãe diante de seu filho estraçalhado deve agradecer a deus? O médico que tem de passar por cima de pedaços de corpos depois de um atentado deve agradecer a Deus? Há sim! Tenho que escutar essa maldita e estupida resposta: “Deus escreve certo por linhas tortas” eu sei o que é uma linha torta, é alguém que nasce com um problema físico, uma pessoa que usa veneno no lugar do açúcar por descuido, o carro que bate num poste numa tempestade. Agora uma criança de 3 anos estuprada ou que o pai faz comer seu coco porque não fez na hora que ele estava disposto, um imbecil que amarra alguém a uma corda atrás do carro e o araste por quilômetros, um soldado no pior dos infernos de uma guerra como a do Vietnã ou no Iraque, um homem frente a sua casa que pegou fogo porque caiu o balão de um imbecil encima olhando os corpos carbonizados de sua esposa e de suas duas filhinhas ainda segurando ursinhos, isso não são linhas tortas, isso é demência, pura.
Suponhamos que temos um homem neste país que pudesse controlar o vento, a chuva e o relâmpago, e suponhamos que o elejamos para governar estas coisas e suponhamos que ele permitisse que estados inteiros secassem e definhassem, e ao mesmo tempo desperdiçasse a chuva no mar. Suponhamos que ele permitisse que o vento destruísse cidades e esmagasse completamente milhares de homens e mulheres e permitisse que os raios acabassem com a vida de mães e bebês. O que diríamos? O que iríamos pensar de um tal selvagem? A justica condena a morte por muito, muito menos.
E, ainda assim, de acordo com os teólogos, isto é exatamente o caminho seguido por Deus.
O que pensamos de um homem que não protege seus amigos quando tem este poder? Mesmo assim o Deus dos Cristãos permitiu que seus inimigos torturem e queimem seus amigos, seus adoradores.
Quem tem engenhosidade suficiente para explicar isso?
Que homem bom, tendo o poder de impedir, permitiria que o inocente fosse preso, acorrentado em masmorras, e suspirar contra as paredes gotejantes o resto de sua miserável vida?
Se Deus governa o mundo, porque a inocência não é um escudo perfeito? Porque a injustiça triunfa?
Quem pode responder a estas perguntas?
Como resposta, o homem honesto e inteligente deve dizer: não sei.
Ainda assim nos dizem que é nosso dever amar a Deus. Podemos amar o desconhecido, o inconcebível? Pode ser nosso dever amar alguém? É nosso dever agir justamente, honestamente, mas não pode ser nosso dever amar. Não podemos estar sob obrigação de admirar uma pintura — ser encantado por um poema — ou comovido com música. A admiração não pode ser controlada. O gosto e o amor não são servos da vontade. O amor é, e deve ser livre. Devo ser respeitado por qualquer deus misericordioso.
Eu vejo os profetas loucos lendo o livro secreto do destino por sinais e sonhos. Eu os vejo, todos — os assírios cantando preces a Asshur e Ishtar — os hindus adorando Brahma, Vishnu e Daupadi, dos braços brancos — os caldeus sacrificando a Bel e Hea — os egípcios curvando-se para Ptah e Fta, Osiris e Isis — os medas acalmando a tormenta, adorando o fogo — os babilônios suplicando a Bel e Murodach — eu os vejo, todos, junto ao Eufrates, o Tigre, o Ganges e o Nilo. Eu vejo os gregos construindo templos a Zeus, Netuno e Vênus. Vejo os romanos ajoelhados para centenas de deuses.
Eu vejo as vítimas moribundas, os altares fumegantes, e as nuvens que sobem... Eu vejo os templos que foram construídos em vão e todos aqueles que rezavam morreram sem resposta.
Eu os vejo dar seu trabalho, sua riqueza para vestir os sacerdotes, para construir tetos altos, amplos espaços, os domos brilhantes. Eu os vejo vestidos em andrajos, amontoados em barracas e tocas, devorando migalhas e restos, que eles devem dar mais a fantasmas e deuses. Eu os vejo fazer seus credos cruéis e encher o mundo com ódio, guerra e morte. Eu os vejo beijar os lábios inconscientes enquanto suas quentes lágrimas caem sobre as pálidas faces dos mortos. Eu vejo seus altares misturarem-se à terra comum, seus templos desabarem lentamente de volta ao pó. Eu vejo seus deuses ficarem velhos e fracos, enfermos e desmaiarem. Os adoradores não recebem ajuda. A injustiça triunfa. Trabalhadores são pagos com o chicote — bebês são vendidos — o inocente é preso em cadafalsos e os heróis perecem em chamas.
Então eu perguntei-me: Existe um poder sobrenatural — uma mente arbitrária — um Deus entronizado — uma vontade suprema que governa as marés e corrente do mundo — a quem se curvam todas as causas?
Não nego. Não sei – mas não creio.
O homem deve proteger-se. Ele não pode depender do sobrenatural — de um pai imaginário nos céus. Ele deve proteger-se descobrindo os fatos na Natureza, desenvolvendo seu cérebro, para que ele possa superar os obstáculos e aproveitar as forças da Natureza.
Existe um Deus?
Eu não sei.
Quando fiquei convencido de que o Universo é natural, as paredes de minha prisão desabaram. Eu estava livre — livre para pensar, para expressar meus pensamentos, livre para usar minhas próprias faculdades, livre para julgar e determinar por mim mesmo — livre para rejeitar todos os credos ignorantes e cruéis, todos os livros "inspirados" que os selvagens tinham produzido, e todas as bárbaras lendas do passado — livre de papas e sacerdotes, livre dos monstros alados da noite — livre de demônios, espíritos e deuses, nenhum chicote em minhas costas — nenhum fogo em minha carne — nenhuma careta ou ameaça do mestre — ninguém seguindo os passos de outros — nenhuma necessidade de inclinar, ou adular ou rastejar, ou proferir palavras mentirosas.
E então meu coração foi invadido pelo agradecimento e continuou apaixonado por todos os heróis, os pensadores que deram suas vidas pela liberdade da mão e do cérebro, por aqueles cujos ossos foram esmagados, cuja carne foi rompida e rasgada — por aqueles consumidos pelo fogo — por todos os sábios, os bons, os corajosos de todas as terras.
Sejamos honestos conosco — honestos para com os fatos que conhecemos, e vamos, acima de tudo, preservar a veracidade de nossas almas.
Se existirem deuses, não podemos ajudá-los, mas podemos ajudar nossos semelhantes. Não podemos amar o inconcebível, mas podemos amar seu companheiro, os filhos e os amigos.
Será que Jesus não foi um instrumento político na época para o governo de Roma e para os rabinos, aos quais colocava o funcionamento em questão. Muitas das perguntas feitas se desvendam aos poucos sem serem tão exóticas quanto nas lendas que os homens podem construir
Se sou contra as religiões? Não, não sou não, mas acho que a religião deve ser escolhida livremente e não imposta, vivida depois que a criança fica maior e tem liberdade de escolher. Não se trata de uma idade específica, mas sim de maturidade. Deve ser um ponto de partida e não um ponto de vista para o mundo. A primeira religião da criança é a da família, o primeiro reflexo é adotar como sua religião. Não há mal nenhum nisso, é um reflexo de amor, de afeto, mas não é sua religião definitiva, ainda não é uma reação espiritual. A religião definitiva de uma pessoa só chega quando ela esta apta para elaborar questões e ter discernimento para identificar qual religião responde melhor as suas perguntas. Ver como símbolos todas as histórias por elas contadas e não como verdade absoluta.
Como agnóstico admito em mim a incapacidade de compreender o assunto Deus. Mas não engulo de jeito nenhum princípios religiosos, seja lá qual for à religião.
Como ateu, não posso acreditar em nenhum deus que tenha características que tem os que povoam em mentes, bíblias, livros sagrados e outras escrituras.
Na minha ignorância e nessa minha grande dificuldade em descobrir algum argumento (válido, lógico e empírico) que prove que Deus não existe (também ninguém nem nada consegue me provar que ele existe) o que certamente daria paz às minhas convicções e me faria conhecer finalmente a realidade da vida, tenho que me ater aos fatos que vejo por aí – estupros, assaltos, malvadezas, pichações, ódio, mentiras, orgulho... e por aí vai.
E o que mais me constrange é que crer em Deus não impede a essas práticas ignominiosas, pois as viúvas, os órfãos e os padres pedófilos me convenceram de que religiosidade nada tem a ver com Deus.
Esse texto é e não é meu, tem muito de Robert G. Ingersoll e vários outros escritores, pensadores e outros poetas citados nesse texto, só sou um que juntou isso tudo e acrescentei coisas minhas. É sem prentensão, mas é exatamente o que penso sobre o assunto, não atirem em mim por isso...
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